segunda-feira, 19 de novembro de 2012

4 REGRAS DA FAMÍLIA ALCOÓLICA

Todas as famílias têm as suas regras de coexistência e convivência, consoante o meio físico e sociocultural em que se inserem.

A família alcoólica apresenta 4 regras de funcionamento (Kritsberg, 1986):

1. A Regra da rigidez - A família alcoólica é inflexível, não adopta mudanças facilmente. Dado que o comportamento do alcoólico é imprevisível, para trazer mais estabilidade à família são impostas regras muito rígidas de comportamento. Crescendo com a regra da rigidez, a criança transporta para o adulto a necessidade de controlo. Os alcoólicos aprenderam que as regras rígidas de comportamento são a forma de controlar situações imprevisíveis.



2. Regra do silêncio - na família alcoólica, muitas vezes, não se pode falar do que está a acontecer na família, quer a nível do comportamento e acções da família, quer a nível dos sentimentos e das emoções. As crianças sabem que não é permitido falar sobre o que ouve ou vê, não podem falar com ninguém sobre o que sentem e vão construindo "muros" à sua volta, isolando-se. Estas crianças têm grandes dificuldades de se expressar para o resto da vida.

3. Regra da negação - A família alcoólica não aceita que há um problema com o álcool. As crianças são ensinadas a ignorar o comportamento do alcoólico e a "fazer de conta" que nada se passa. Há também uma negação dos sentimentos e as crianças não aprendem a expressar honestamente os seus sentimentos.

4. Regra do isolamento - A família alcoólica é um sistema fechado, uma vez que tenta ser auto-suficiente. Há um mito de que ninguém compreende o que se passa na família e de que não se deve confiar em ninguém fora do sistema familiar. À primeira vista, parece que o isolamento da família serve para a manter junta, mas o mito da família, "lá estaremos quando precisares de nós", não é verdadeiro, porque a família alcoólica é incapaz de ser um suporte emocional e quando uma crise surge, não está presente. Os membros individuais da família alcoólica estão isolados uns dos outros e a criança quando cresce continua a isolar-se das outras pessoas.

O uso excessivo de álcool distorce a estrutura e a dinâmica familiares.
Frequentemente a família funciona como um sistema doente, exprimindo sentimentos e comportamentos que favorecem a permanência ou agravamento do problema.

Numa perspectiva sistémica, o uso do álcool é adaptativo, homeostático e com um significado.


ALVES, A. (2003). Alcoolismo Paterno e Comportamento/Rendimento Escolar dos Filhos - Contribuição Para o Seu Estudo: Dissertação de Mestrado em Psiquiatria e Saúde Mental. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

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