terça-feira, 17 de julho de 2012

TEORIAS

Hoje vou escrever-vos sobre algumas teorias para o consumo de drogas.

Tratando-se de um fenómeno bastante complexo, despertando bastante interesse e sendo alvo de inúmeros estudos e publicações, existem um conjunto de teorias que procuram explicar os porquês do consumo de drogas. 

Em primeiro lugar, destaco a Teoria Biológica da Adicção, que favorece que esta é uma doença crónica, logo incurável, que resulta da exposição do cérebro aos efeitos das substâncias. Segundo alguns autores, após tal exposição verificam-se diferenças do cérebro do adicto e do não adicto nas actividades metabólicas, na disponibilidade dos receptores, da expressão génica e da resposta às alterações do meio.


Ainda relativamente às abordagens biológicas, podemos falar na Teoria da Auto-medicação. Esta defende a ideia de que o adicto consome substâncias (depois de as ter experimentar) no sentido de retirar delas os efeitos positivos para a resolução dos seus problemas, ou seja, consome em benefício próprio. Também de referir que, de acordo com esta teoria, o adicto recorre ao consumo de drogas para eliminar sensações ou sentimentos desagradáveis. 

Para finalizar este âmbito dos modelos biológicos, menciono, também, estudos que procuram explicações genéticas nos consumos de drogas. É consensual que há uma maior prevalência do problema do alcoolismo em famílias que apresentam historial de consumo de álcool. Vários estudos indicam que filhos biológicos de alcoólicos, mais tarde adoptados por outros, têm quatro vezes mais probabilidades de desenvolverem dependência ou adicção (como quiserem) do álcool. 

Num outro âmbito de explicações para o consumo de drogas, a perspectiva das teorias da aprendizagem procura explicar os comportamentos como sendo adquiridos de acordo com as leis da aprendizagem do condicionamento clássico, operante ou por aprendizagem social. Deste modo, Bandura refere os processos de imitação comportamental, diferenciando duas etapas: a de aquisição (observação do comportamento do modelo, tendo como competências utilizadas a atenção e a retenção) e a do desempenho (reprodução do comportamento observado e retido). No caso do consumo de drogas, um indivíduo observa a conduta dos outros, adquirindo informação que lhe permite, posteriormente, a reprodução dessa mesma conduta. Convêm mencionar que o indivíduo não se limita a copiar o comportamento, já que existe uma avaliação e análise crítica do mesmo, o que possibilita uma decisão sobre a reprodução ou não do comportamento observado.


 Existe, por outro lado, um conjunto diferente de teorias que se focalizam nos percursos evolutivos do consumo de drogas. É exemplo disso o Modelo Evolutivo de Kandel. De acordo com este autor, os consumos respeitam etapas ou passos sequenciais, partindo da fase de iniciação para a passagem às etapas seguintes que representam a progressão evolutiva dos consumos de drogas. Deste modo, o consumo de drogas começa, normalmente, pelo uso de álcool e de tabaco, progredindo para o consumo de marijuana e, nalguns indivíduos, evolui para o consumo de estimulantes (anfetaminas e cocaína), opiácios (morfina, heroína e metadona), alucinogéneos (mescalina e L.S.D.) e outras substâncias ilícitas.

 Por último, apresento a Teoria da Socialização Primária de Oetting et al. (e outros)., que parte da ideia básica de que todas as condutas socias humanas são aprendidas por via da aprendizagem (não esquecendo, porém, as bases biológicas inquestionáveis). Sendo assim, todos os comportamentos desviantes, como o consumo de drogas, são adquiridos através da aprendizagem, no decorrer do processo de socialização primária. Daí que, se num seio familiar existir comportamentos problemáticos, a criança ou adolescente, terá maiores probabilidades de vir a reproduzir tais condutas. Por outro lado, a escola, como outro elemento importante de socialização primária, ganha maior importância na transmissão de condutas adequadas ou desviantes. De acordo com esta teoria, o grupo de pares é a terceira fonte de socialização primária, “actuando” em conjunto com as influências da família e da escola. Por outro lado, esta teoria defende que os traços físicos, emocionais e sociais do indivíduo, têm influencia no seu comportamento, constituindo assim factores de risco ou de protecção, relativamente a comportamentos desviantes como o consumo de drogas.

Deste modo, a inteligência poderá levar ao sucesso escolar sendo, neste caso, um factor de protecção. Como fontes de socialização secundária, a teoria considera as características da comunidade (bairro, cidade, área geográficfa, o nível de urbanização, densidade populacional, a mobilidade da população, oportunidades sociais), da família alargada, dos grupos que integram associações, da religião, do ambiente dos pares em geral e dos meios de comunicação social.

Sem comentários:

Enviar um comentário