segunda-feira, 16 de julho de 2012

ADICÇÃO

(O 1º de diversos textos publicados num Jornal Regional)

Inicio, hoje, um espaço dedicado à problemática questão das dependências químicas e comportamentais. Irei, ao longo do tempo, abordar aspectos relacionados com a doença e com o tratamento. 

Em termos mais históricos e de contextualização, o termo “adicção” (“addiction”, em Inglês), tem a sua origem no latim, onde a palavra “addictus” significa “constrangimento pelo corpo” ou “acorrentados”. Partindo deste pressuposto, podemos nos referir à adicção como uma dependência física e/ou emocional em relação a determinadas substâncias, actividades e/ou relações. É caracterizada por uma procura obsessiva de gratificação imediata (prazer, euforia, redução de ansiedade, tensão, sofrimento) apesar de todas as consequências nefastas a diversos níveis (físicos, psicológicos, sociais, relacionais e financeiros). 

 Escrevendo sobre as consequências da adicção, o adicto apresenta uma total desgovernabilidade na sua vida, como a perda sucessiva de empregos, perda de valores morais, perda da capacidade de manter relacionamentos sociais e/ou familiares, perdas financeiras, violência, conflitos e/ou actividades criminosas. De referir, de igual modo, as consequências físicas e psicológicas.


 De um modo mais prático, posso escrever sobre, por exemplo, discussões com o patrão, com colegas, atrasos e faltas no emprego; falta de higiene, roubos à família, venda de material de valor sentimental, prostituição; atitudes de egoísmo, egocentrismo, arrogância, prepotência para com os que o rodeiam; gastos incalculáveis com os seus consumos; discussões físicas e verbais com amigos, familiares e desconhecidos; distúrbios de vários níveis, assim como roubos, assaltos, condução sob o efeito de álcool e/ou drogas e acidentes. 

Resumindo, existe um conjunto de sintomas que são evidentes nos comportamentos adictivos: a constante ou obsessiva preocupação em relação ao objecto de adicção, ou seja, um desejo forte ou compulsivo para consumir a substância, negligenciando outras áreas da sua vida; perda progressiva de controlo sobre o comportamento em causa, com óbvia perda de qualidade de vida; o acumular de consequências negativas nas diversas áreas de vida do indíviduo; a utilização de estratégias cognitivas que, como mecanismos de defesa, conduzem à negação do problema e ao engano do próprio e dos que o rodeiam, como a justificação e racionalização dos comportamentos de adicção, o adiamento das responsabilidades, a minimização das consequências, maximização das memórias associadas ao reforço e bem-estar alcançados com os comportamentos de consumo, o culpar fenómenos, pessoas e situações pelos comportamentos adictivos. 

Também de referir a presença de uma síndrome de abstinência perante a privação ou redução do objecto de adicção cuja experiência poderá ser de mau estar físico e psicológico, ansiedade e irritação, causando sofrimento e défices no funcionamento social, ocupacional e em outras áreas. 

Por outro lado, verifica-se um aumento da tolerância, isto é, há uma necessidade de aumentar progressivamente as quantidades de consumo para adquirir os efeitos desejados. 

Concluindo, penso ser importante referir que optei por escrever-vos sobre comportamentos de adicção e, de uma forma geral, como identificar possíveis comportamentos adictivos nos que nos rodeiam.

Sem comentários:

Enviar um comentário