Fazendo uma breve resenha das
principais abordagens terapêuticas do século XVIII até os nosso dias,
poderíamos citar:
Banhos frios (séc. XVIII) – O
transtorno psíquico ainda permanecia no limbo do mágico e sobrenatural. A
tentativa era de “extrair” os males através das terapêuticas biológicas como
sangrias, purgativos e mergulhos em água gelada.
Choque malárico (1917) – Observando que doentes mentais com paralisia geral progressiva (sífilis) apresentavam melhora depois dos piques febris, o médico Wagner Von Jauregg passou a administrar nos pacientes injeções de sangue de doentes de malária. Após 10 crises, a malária era abortada com quinino. Entre os primeiros doentes tratados, vários morreram devido a utilização de uma estirpe de plasmódio resistente ao quinino.
Choque malárico (1917) – Observando que doentes mentais com paralisia geral progressiva (sífilis) apresentavam melhora depois dos piques febris, o médico Wagner Von Jauregg passou a administrar nos pacientes injeções de sangue de doentes de malária. Após 10 crises, a malária era abortada com quinino. Entre os primeiros doentes tratados, vários morreram devido a utilização de uma estirpe de plasmódio resistente ao quinino.
Choque insulínico (1935) – O médico
Manfred Sakell constatou que os estados hipoglicêmicos acompanhados
habitualmente de coma e ocasionalmente de convulsões tinham um
efeito favorável na esquizofrenia. Com injeções diárias de insulina
provocavam-se períodos de coma hipoglicêmico, que eram interrompidos pela
administração de glicose.
Eletroconvulsoterapia (1939) –
Desenvolvida pelo italiano Hugo Cerleti, consiste na aplicação de uma
corrente elétrica na região da cabeça. Usada primeiramente no tratamento da
esquizofrenia, este procedimento segue sendo utilizado até os nossos dias
principalmente no caso de depressão grave.
Lobotomia (1942) – A técnica
foi desenvolvida pelo português Egnas Moniz ( o que lhe valeu o Prêmio Nobel de
Medicina em 1949). Com a cirurgia busca-se destruir áreas do cérebro
responsáveis pelo descontrole dos impulsos agressivos. Em muitos casos a pessoa
fica com um déficit de iniciativas e embotamento afetivo.
Clorpromazina (1952) – Inicio do
uso de psicofarmacos com eficácia no controle dos sintomas psicóticos
(alucinações e delírios), proporcionando uma perspectiva de reintegração dos
doentes mentais graves (esquizofrênicos) no seu meio. Utilizada até hoje.
Antidepressivos tricíclicos
(década de 50) – Imipramina, amitriptilina e outros foram os
primeiros recursos medicamentosos disponíveis para o tratamento dos transtornos
depressivos. Entretanto um grupo grande de pessoas com indicação de tratamento
antidepressivo, não os tolerava pelos seus efeitos colaterais (visão turva,
boca seca , náusea, alterações cardiovasculares, disfunção sexual entre
outros). Segue no arsenal terapêutico.
Fluoxetina (1987) – Ampliou o
horizonte de tratamento e pesquisa de novas drogas de Inibição de Recaptação da
Serotonina eficazes nos transtornos depressivos e ansiosos. Intitulada
inicialmente como a “droga da felicidade”, foi gradualmente sendo identificado
melhor as suas possibilidades e limitações. Mas foi um novo divisor de águas no
avanço científico das drogas que atuam no sistema serotonérgico. Estima-se que
cerca de 35 milhões de pessoas já a utilizaram ao redor do mundo.
Novos agentes antipsicóticos
(década de 90)- O surgimento dos ditos antipsicóticos atípicos
( por ex: clozapina, risperidona, olanzapina, quietiapine e ziprazidone) da
última década até os nossos dias, representaram um significativo avanço em
relação aos antipsicóticos convencionais (por ex: clorpromazina, tioridazida,
haloperidol, flufenazine). Já que as novas drogas estão associadas com menor
distúrbio motor (efeitos extra-piramidais) e ampliam o seu espectro de
eficácia, e o seu uso já se expandiu além do tratamento dos transtornos
esquizofrênicos, sendo utilizado nos quadros de demência,
transtornos do humor, transtornos de ansiedade, e transtornos do
desenvolvimento. Entretanto estas medicações não são uma pílula mágica,
pois também podem apresentar efeitos colaterais complicadores, como: ganho de
peso, diabete mellitus, hyperprolactemia e prolongamento da onda QTc da função
cardíaca.
Abordagens Terapêuticas Atuais
em Psiquiatria
Psicoterapia – Inúmeras
definições são encontradas na literatura para tentar conceituar esta importante
ferramenta no tratamento dos transtornos mentais. Partindo da etimologia
da palavra que é grega, encontramos o somatório de psykh(psiquê) +
therapeia (terapia). Portanto fazendo-se uma síntese das diversas
definições teríamos: psicoterapia trata de problemas emocionais por meios
psicológicos.
Psicoterapias de orientação
analítica ( também chamada de psicodinâmica) - Faz parte de
um grupo de abordagens psicoterapêuticas baseadas nas teorias psicanalíticas
descobertas por Sigmund Freud (final do séc. XIX e inicio do séc. XX) e
posteriormente aprimorada e desenvolvida por numerosos pesquisadores, clínicos
e teóricos. Baseia-se que o indivíduo tem um processo evolutivo desde o
nascimento onde as experiências da pessoa ao longo da vida influencia os
padrões de relacionamento atuais e que repercutem no comportamento, emoções e
na capacidade de funcionamento global (afetivo, profissional, social, cultural,
lazer). Ou seja, as vivências infantis continuam a ser retidas no inconsciente,
como memórias, expectativas sobre relacionamentos, crenças sobre nós mesmos e o
mundo ao nosso redor. Existem mecanismos de defesa psíquica para controlar
sentimentos, conflitos intrapsíquicos, pensamentos e experiências
desconfortáveis, para evitar que entrem na mente consciente.
A psicoterapia de
orientação analítica é um método de tratamento que ocorre por meio da interação
verbal entre paciente e terapeuta num esforço para elucidar forças
inconscientes do passado que afetam emoções e ações atuais. É um método que
necessita de um sistemática definida por contrato terapêutico e pressupõem uma
freqüência regular (geralmente de uma a duas sessões semanais) por um período
indeterminado.
Terapia
cognitivo-comportamental (TCC) – As técnicas das terapias
cognitivo-comportamental (TCC) baseiam-se que as disfunções emocionais surgem
de um processamento cognitivo falho, que filtra seletivamente as informações
que recebe. O que desenvolveria pensamentos automáticos –
pensamentos espontâneos que ocorrem ao longo do dia ou após eventos
específicos. O tratamento busca uma forma de ajudar o paciente a tornar
consciente o seu funcionamento de pensamento automático e das suposições
decorrentes. Durante a sessão ou com “tema de casa” o paciente é encorajado a
buscar evidências para apoiar ou refutar as suposições e modificá-lascom base
em uma visão mais equilibrada de todas as informações disponíveis. É clássico
nos quadros depressivos o “pensamento automático negativo” onde
há uma interpretação distorcida da mente nas respostas de eventos e
relacionamento interpessoal. Por exemplo: Maria (20 anos) evita que os rapazes
se aproximem dela, porque ela possui uma “crença” de que ela não tem atrativos
para manter uma relação, o que a faz se isolar e ter profundos sentimentos de
tristeza, pois inevitavelmente ela será rechaçada. O que a leva a pensar
que irá ficar só para o resto da vida. Na TCC trabalha-se a distorção do
pensamento automático, o que neste caso permitiu que a paciente se sentisse
mais esperançosa em relação ao futuro e passou a permitir a aproximação de
pretendentes.
Terapia comportamental – É uma
abordagem baseada cientificamente no entendimento e tratamento dos
problemas humanos. Surgiu a partir de experiências laboratoriais do
comportamento animal conduzidas no início do século XX , seguindo-se com uma
série de pesquisas clínicas. As metas desta terapia são melhorar o funcionamento
cotidiano, reduzir o sofrimento emocional, melhorar relacionamentos e maximizar
o potencial humano. Originalmente, a ênfase da terapia comportamental era sobre
o comportamento manifesto mensurável e a aplicação de princípios de
condicionamento. Ou seja, busca de mudanças comportamentais para o enfretamento
das dificuldades do indivíduo. Hoje em dia, ampliou-se o foco, agregando
fatores comportamentais ao pensamento e sentimento, com a idéia que todos estes
elementos são influenciados pelos princípios fundamentais de aprendizagem.
Portanto a terapia comportamental proporcionaria uma reeducação comportamental
de funcionamento pessoal. Alguns transtornos psiquiátricos, como os de
ansiedade (fobias e obsessões), alimentares (anorexia e bulimia nervosa),
adições (alcoolismo e outras drogas) e disfunções sexuais tem indicação para o
tratamento com esta técnica.
Psicoterapia breve – Freud
foi um dos primeiros praticantes da psicoterapia breve. Uma revisão dos seus
casos iniciais revela que ele tratou muitos pacientes em questão de semanas a
meses não de anos. No presente as psicoterapias psicanalíticas breves são
complementadas por outros enfoques de tratamento efetivo com tempo limitado,
como a terapia cognitiva de Beck, a psicoterapia existencial de Mann e o
tratamento interpessoal da depressão de Klerman. A psicoterapia é concebida por
um período de tempo limitado (número preestabelecido de sessões ou por
uma data de termino). As metas são especificamente focalizadas, onde busca-se o
foco no “aqui-e-agora”, restaurar o funcionamento psicológico rapidamente, o
terapeuta é ativo e diretivo e em alguns casos utiliza-se de tarefas de casa.
As pessoas que possam a vir se beneficiar de tal abordagem seriam as que
estivessem em sofrimento emocional moderado, desejando o alívio da dor,
ter capacidade de entendimento dos seus problemas, ter uma história de pelo
menos um relacionamento interpessoal mútuo positivo, ter uma área da vida
funcionante (afetivo, social ou profissional), e ser capaz de comprometer com um
contrato terapêutico.
Terapia de casal e familiar – São
modalidades terapêuticas cujo o foco de avaliação e tratamento incide no
relacionamento, não no indivíduo. Na abordagem terapêutica busca-se
elementos da história do relacionamento, metas dos indivíduos no
relacionamento, mecanismos de manejo que foram malsucedidos,
precipitantes para buscar terapia ( “por que agora?” ou o “que mudou?”). As
terapias de casal e familiar buscam identificar mudanças que possam ter
originado sofrimento e disfuncionamento do casal ou grupo familiar, examinando
os padrões de comunicação, comportamento e mecanismos de manejo que podem ter
sido destrutivos ou não construtivos para responder às mudanças identificadas.
A meta da terapia é prover ao casal ou à família novos meios de resposta que
sejam mais eficazes e construtivos para o relacionamento. Nem sempre há um
fator agudo disfuncional, mas a busca pode ser em função de padrão de
comunicação destrutivo de longa duração que foram identificados ou ficam
intoleráveis para o convívio. Por exemplo, um padrão de domínio e submissão num
relacionamento conjugal, que gera tensões contínuas e sintomas depressivos por
insatisfação e ausência de bem estar.
Terapia de grupo –Busca
através da interaçãogrupal propiciar que os indivíduos envolvidos neste
tratamento o utilizem como um agente de mudança comportamental, emocional e
educativo. Neste tipo de abordagem terapêutica o paciente recria dificuldades
características no grupo. As interações no grupo rapidamente expõem padrões de
comportamento. O indivíduo se confronta com um comportamento que ele foi
incapaz de reconhecer. Há uma tendência que os membros individuais
aceitem melhor a confrontação das disfunções do seu comportamento quando
ele vier de múltiplos observadores. Apoiadores múltiplos que se
solidarizam com a luta do paciente podem tornar confronto mais tolerável e
ensejar o enfrentamento de afetos intensos. Alívio por expressar “segredos
vergonhosos”. As interações de grupo estimulam respostas e diálogos
socialmente apropriados. O grupo oferece modelos alternativos de comportamento.
Psicofarmacos – A década dos
anos 90 trouxe um grande avanço nas chamadas neurociências, que vieram
repercutir no avanço e aquisição de novos psicofarmacos que ampliaram em
muito as possibilidades do arsenal terapêutico no tratamento e controle das
doenças mentais. Temos os seguintes grupos básicos de medicações: antidepressivos,
antipsicóticos, estabilizadores do humor, agentes antiansiedade, drogas
hipnóticas-sedativas e o uso de estimulantes na prática psiquiátrica.
Antidepressivos – Este grupo
de medicamentos buscam reverter os sintomas psicológicos (sentimentos
de tristeza, desesperança, desamparo, desvalia, culpa e ideação suicida)
e dos sintomas neurovegetativos (falta de energia, problemas
com a concentração, insônia ou hipersonia, transtorno do apetite – perda de
peso ou, menos comum ganho de peso -, interesse e/ou prazer reduzidos em
atividades diárias, sintomas de agitação e/ou retardo psicomotor,
redução da libido e aumento da ansiedade e/ou agitação). Os medicamentos
antidepressivos necessitam de um período de cerca de duas semanas para exercer
o seu efeito terapêutico, sendo que após é necessário o ajuste de dose que
deverá ocorrer até a sexta semana de tratamento. O perfil de beneficio
terapêutico se define ao redor do terceiro mês de tratamento. Eles não são
euforizantes e não induzem elevação do humor na ausência de um transtorno
depressivo. Uma vez estabelecido o ajuste de dose e o beneficio terapêutico, o
tratamento deve ser mantido ao mínimo por 6 meses, com acompanhamento médico
regular.
Antipsicóticos – São
medicamentos utilizados para tratar sintomas psicóticos ( quebra
da realidade) em pacientes com esquizofrenia e outras doenças. Os sintomas
podem incluir alucinações, delírios, paranóias (mania de perseguição),
comportamento bizarro (por ex.: desnudar-se em público), hipervigilância,
agitação intensa, ampliação da irritabilidade e déficit de cuidados
pessoais. Tais agentes freqüentemente induzem rapidamente a sedação, porém
seus efeitos antipsicóticos específicos podem levar levara até seis semanas em
doses terapêuticas para se desenvolver plenamente. Ao contrário, quando um
paciente esquizofrênico estável decide interromper a medicação antipsicótica
subitamente, pode levar semanas para que os sintomas psicóticos retornem ou
para que os pacientes descompensem.
Estabilizadores do humor – São
medicamentos com efeitos tanto antimaníacos (euforia, agitação
continua, idéias de grandiosidade, gastos excessivos...) como antidepressivos.
Eles também podem reduzir fenômenos comportamentais relacionados à
instabilidade do humor, como impulsividade e violência episódica. Atualmente se
preconiza o uso das seguintes medicações com este efeito: sais de lítio,
carbamazepina, acido valpróico e as mais recentes pesquisas vem indicando o
benefício do uso do antipsicótico olanzapina nestes quadros. O lítio é
conhecido há mais de um século. A partir de 1949 foi introduzido no arsenal
medicamentoso como antimaníaco, mas atualmente sua principal importância está
na prevenção de recorrências dos transtornos bipolares (flutuações entre
períodos de mania e depressão) do humor. Com o avanço das pesquisas na área das
doenças afetivas a partir da década de oitenta, o conhecimento terapêutico evoluiu
e substâncias anticonvulsivantes, como carbamazepina, ácido valpróico e mais
recentemente o topiramato passaram a ser opções no tratamento deste distúrbio.
Agentes antiansiedade – Tais
medicações, também conhecidos como ansiolíticos ou tranqüilizantes menores, são
usados para tratar as manifestações multiformes da ansiedade. De alguma forma,
todas as drogas utilizadas no tratamento da ansiedade têm propriedades
sedativas, porém não aliviam os sintomas simplesmente sedando o paciente
ansioso. Algumas pessoas apresentam sintomas de ansiedade (taquicardia, suor
intenso, desconforto generalizado, medo, inquietude, tremores...) e outro
desenvolvem síndromes (por ex.: pânico). Tais sintomas podem ser reativos
a fatores estressores da vida (ex.: doença na família, dificuldades
financeiras), no transcorrer de uma outra doença clínica ou como manifestação
de um transtorno psiquiátrico (ex.: ansiedade num quadro depressivo de
alteração do humor). Nos casos em que os sintomas são circunscritos a um
evento estressor o uso de um benzodiazepínico (por ex.: diazepam) por um
período breve ( ao redor de 2 semanas) deve auxiliar no controle dos sintomas.
Naqueles casos em que há necessidade de uso mais prolongado vem preconizando-se
o uso de agentes antidepressivos para auxiliar no tratamento.
Drogas hipnóticas-sedativas – A indicação
de tais medicações é muito precisa, devendo ser utilizada nos quadros de
insônia transitória ( nos casos em que a pessoa não consegue dormir em resposta
a um fator estressor específico – perda, doença, hospitalização, alteração de
fuso horário – e com duração de até 14 dias) ou recorrente. Quando a
pessoa tem uma história de cronificação de alteração na sua arquitetura do
sono, deve se fazer uma investigação para se identificar a doença subjacente
que esta insônia pode ser parte. Não é incomum que muitas pessoas busquem
tratamento em virtude do seu distúrbio do sono,. e seja diagnosticado um quadro
depressivo. Nestes casos um tratamento adequado da depressão pode a vir a
melhorar o padrão de sono.
O uso de estimulantes – O uso mais
comum dos estimulantes (metilfenidato) é no transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade em crianças e ocasionalmente em
adultos. Igualmente se preconiza no tratamento da narcolepsia, um
transtorno na qual a pessoa é afligida por “ataques” de sono. Em alguns
casos de transtorno do humor bem como em estados
amotivacionais.
Orientação familiar –Toda a
doença crônica dificulta a vida do portador e sua relação com a família, e isto
naturalmente se desenvolve nos transtornos mentais, agravando-se conforme a
gravidade no comprometimento das habilidades sociais do indivíduo. Portanto é
muito importante a conscientização do portador da doença para que possa melhor
combatê-la, bem como a família deverá ser auxiliada nesta conscientização. A
intenção é aliviar o clima tencionas intrafamiliar, pois este pode vir a
colaborar nos processos de recaída.. Dentro das atenções a família
desenvolve-se uma orientação psicopedagógica com os seguintes objetivos: reduzir
o custo da doença ( família bem orientada contribui para reduzir
as possibilidades de recaídas e de reinternações); orientação sobre o uso de
medicamentos e de atividades da vida diária; ajudar o portador a colaborar no
tratamento e definir tarefas para este dentro de suas possibilidades;
familiares muito exigentes devem ser orientados a serem mais tolerantes com as
limitações que a doença impõem ao portador; familiares ausentes, orientados
para serem mais participantes.
Abordagem psicossocial em
instituições - A evolução da eficácia dos
medicamentos psicotrópicos, propiciou um melhor controle dos sintomas agudos
(como por ex.: alucinações, idéias delirantes, descontroles agressivos) o que
colaborou para uma redução significativa da necessidade de hospitalização dos
portadores de doenças mentais graves (como por ex.: esquizofrenia). Entretanto,
em determinados momentos de crise, a internação ainda pode ser útil. Nestes
casos ela deverá ser breve, evitando-se hospitalizações maiores que 30
dias, que geralmente é suficiente para controlar os sintomas mais evidentes. A
família deve seguir envolvida no tratamento. Em alguns casos , nos
momentos críticos, o hospital-dia pode ser uma alternativa
à internação hospitalar. Nos casos de portadores de esquizofrenia, onde a
doença está controlada, mas no entanto já produziu seqüelas no funcionamento
global do indivíduo (por ex.: déficit de auto-cuidados – higiene,
alimentação, iniciativa...) e que perderam os seus vínculos familiares, a Pensão
Protegida seria a opção, para evitar uma internação por tempo
indeterminado. Um outro tipo de equipamento importante para auxiliar na
reabilitação do portador de doença mental grave é a oficina de trabalho
protegida, que busca a recuperação das habilidades perdidas e mesmo na
aquisição de novas habilidades. Como a desmotivação é uma das características
destes quadros mentais graves, este trabalho tenta resgatar a vontade, assim
como a convivência como outras pessoas leva à melhora na
sociabilidade.
Tratamento integrado – As diversas
abordagens mencionadas anteriormente não são excludentes entre si. Em muitos
casos está indicado o tratamento integrado, ou seja, incorporar no plano
terapêutico abordagens psicoterápicas (individual, casal, família, grupo)
associadas com psicofarmacos.
Calheiros, P., Andretta, I., & Oliveira, M.(2006). Avaliação da Motivação para Mudança nos Comportamentos Adictivos. Temas em Psicologia Clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo.